sexta-feira, 4 de maio de 2012

Natureza(livro)-Ralph Waldo Emerson (1803-1882)

"Para se isolar. o Homem precisa de se retirar a um tempo dos seus aposentos e da sociedade.Não estou solitário enquanto leio e escrevo, ainda que ninguém esteja comigo.Mas se um homem quiser  estar sòzinho, que contemple as estrelas.Os raios que provém desses mundos celestiais farão a separação entre si mesmo e o que pode tocar.Poderia pensar-se que a atmosfera foi feita transparente com o desígnio de dar ao Homem, nos corpos  celestes, a perpétua presença do sublime.
Que magestosos  são , quando vistos a partir das ruas das cidades! Se as estrelas
aparecessem numa única noite em mil anos, como os homens acreditariam e adorariam; preservariam por muitas gerações a lembrança da cidade de Deus que
havia sido mostrada!
Mas todas as  noites surgem estes enviados da beleza e iluminam o Universo com um sorriso reprovador.

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A encantadora paisagem que vi esta manhã é, indubitàvelmente, constituída por vinte ou trinta quintas.
Este campo é do Miller,aquele do Locke e a mata mais além do Manning.
Mas nenhum deles é dono da paisagem.
Há, no horizonte, uma propriedade que nenhum homem possui, excepto aquele cujo olhar pode integrar todas as partes, ou seja , o poeta.
É essa a melhor parcela das quintas daqueles homens, no entanto é essa que não
é nomeada nos títulos de propriedade.
Para dizer a verdade poucos adultos conseguem ver a Natureza .A maior parte das pessoas não vêem o Sol.Pelo menos,têm um ver muito superficial.
O Sol ilumina ,apenas, os olhos do homem, mas brilha nos olhos e no coração da criança.O amante da Natureza é aquele cujos sentidos exteriores e interiores estão
ainda verdadeiramente ajustados uns aos outros, o que guardou o espírito da infância mesmo na idade adulta.A sua relação  com o céu e com a terra é parte do seu alimento diário.

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Nos bosques voltamos à razão e à fé.Aí sinto que nada me pode acontecer na vida
-nem desgraça, nem calamidade(desde que não me atinja os olhos), que a Natureza não possa reparar.
De pé sobre a terra nua- com a cabeça banhada pelo ar festivo e transportada ao espaço infinito-, todo o egoísmo mesquinho se desvanece.
Transformo-me num globo ocular transparente;não sou nada;vejo tudo; as correntes do Ser Universal circulam através de mim; sou parte ou parcela de Deus.

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O maior prazer que os campos e os bosques proporcionam é a sugestão de uma relação oculta entre o Homem e as plantas.Não estou só e irreconhecido.
Cumprimentam-me e eu a elas.O agitar dos rebentos na tempestade é para mim novo e velho.Surpreende-me e , no entanto, não me é desconhecido.O seu
  efeito é como se sobre mim descesse um pensamento mais elevado ou uma melhor emoção, quando supunha estar a pensar com justeza ou a actuar com exactidão."

(Alguns parágrafos do livro Natureza de Emerson)