Cantiga
Não sei para que vos quero,
pois me de olhos não servis,
olhos a que eu tanto quis
VOLTAS
Pera ver me fostes dados,
vós sá chorar vos destes;
e, se eu tenho cuidados,
meus olhos, vós mos fizestes.
Desque neles me pusestes,
do descanso me fugis,
olhos a que eu tanto quis!
Quando vós primeiro vistes,
que não me era bom sabíeis,
mas,por gozar do que víeis,
em meu dano consentistes.
O que então me encobristes
agora mo descobris,
olhos a que eu tanto quis!
Meus olhos, por muitas vias
usais comigo cruezas;
tomais as minhas tristezas
pera vossas alegrias.
Entram noites, entram dias,
olhos, nunca me dormis,
olhos a que eu tanto quis
Ando-vos a vós buscando
cousas que vos dêem prazer,
e vós, quando podeis ver,
tristezas me andais tornando.
Agora vou-vos cantando,
vós a mim chorando me is,
olhos a que eu tanto quis!
( Cristóvão Falcão - 1515-1553/1557)
(Poeta que deu nome ao Cine -Teatro Crisfal em Portalegre)
Não sei para que vos quero,
pois me de olhos não servis,
olhos a que eu tanto quis
VOLTAS
Pera ver me fostes dados,
vós sá chorar vos destes;
e, se eu tenho cuidados,
meus olhos, vós mos fizestes.
Desque neles me pusestes,
do descanso me fugis,
olhos a que eu tanto quis!
Quando vós primeiro vistes,
que não me era bom sabíeis,
mas,por gozar do que víeis,
em meu dano consentistes.
O que então me encobristes
agora mo descobris,
olhos a que eu tanto quis!
Meus olhos, por muitas vias
usais comigo cruezas;
tomais as minhas tristezas
pera vossas alegrias.
Entram noites, entram dias,
olhos, nunca me dormis,
olhos a que eu tanto quis
Ando-vos a vós buscando
cousas que vos dêem prazer,
e vós, quando podeis ver,
tristezas me andais tornando.
Agora vou-vos cantando,
vós a mim chorando me is,
olhos a que eu tanto quis!
( Cristóvão Falcão - 1515-1553/1557)
(Poeta que deu nome ao Cine -Teatro Crisfal em Portalegre)