domingo, 28 de agosto de 2011

Quando eu for grande


Ó mãe,
Quando for grande,
Hei-de agarrar aquela estrela além,
A mais pequenina,
Que treme de medo por cima do Forte
De Santa Catarina;
Tadinha da estrela, ó mãe!...
Faz-lhe medo o mar,
Sempre a ralhar, sempre a ralhar...
Quando for grande,
Hei-de pedir às ondas barulhentas
Que batam devagar,
Devagarinho
Devagarinho como a tua voz
A adormecer o teu menino...
Olha, vê,
Não chego à estrela, não
Sou pequenino;
Quando for grande,
(Amanhã já sou grande mãe?...),
Vou no barquito do "Pereirão" de Buarcos,
E bato no mar
Até ele chorar...
E a estrela , sem medo,
Há-de deixar-se agarrar,
Porque eu sou grande,
Bati no mar!...
Quando fores rezar
À capela do Forte
Hei-de ir de mansinho,
Mais de mansinho que as ondas a chorar,
E ponho a estrela pequenina
No teu cabelo...
Hás-de parecer a Santa Catarina,
Inda mais linda!...
Depois fujo a buscar mais estrelinhas
Medrosas
E atiro-as às redes
Dos pescadores pobrinhos;
Tás a chorar?!...
Aquela estrela não é linda se calhar...
Deixa lá, mãezinha;
Quando for grande,
Levo-te ao céu e escolhes uma maiorzinha...
(Amanhã já sou grande, mãe?...)
(Maria Almira Medina)