domingo, 5 de agosto de 2012

Florbela Espanca- As minhas ilusões

"Hora sagrada dum entardecer
De Outono, à beira mar, cor de safira,
Soa no ar uma invisível lira...
O sol é um doente a enlanguescer...


A vaga estende os braços a suster,
Numa dor de revolta cheia de ira,
A dourada cabeça que delira
Num último suspiro, a estremecer!


O sol morreu... e veste luto o mar...
E eu vejo a urna de ouro,  a balouçar ,
À flor das ondas, num lençol de espuma.


As minhas ilusões, doce tesouro,
Também as vi levar em urna de ouro,
No mar da Vida, assim...uma por uma..."