segunda-feira, 6 de agosto de 2012

Florbela Espanca - Mais Triste

"É triste, diz a gente, a vastidão
Do mar imenso! E aquela voz fatal
Com que ele fala, agita o nosso mal!
E a noite é triste como a extrema-unção!


É triste e dilacera o coração
Um poente do nosso Portugal!
E não vêem que eu sou...eu...afinal,
A coisa mais magoada das que o são?


Poentes de agonia trago-os eu
Dentro de mim e tudo quanto é meu
É um triste poente de amargura!


E a vastidão do mar, toda essa água
Trago-a dentro de mim num mar de mágoa!
E a noite sou eu própria! A noite escura!"